quarta-feira, outubro 21, 2009

Hiato


Apoiado no parapeito da janela no cômodo mais alto daquela casa se encontra um garoto. Seus olhos franzidos, sensíveis à claridade infernal, acompanham as ondas que quebram no dique enquanto a brisa da praia sopra morna em seu rosto num tempo de verão escaldante. Um barco à vela se distancia até encobrir-se completamente por detrás dos coqueirais. O garoto, embora mais velho e sólido que outrora, não esconde os traços complicados que o marcaram de todas as formas ao final daquela viagem. O barco era pequeno, não havia espaço para dois.

Dois anos se passaram desde o primeiro incidente. A história que se passou – segundo o que ele me contou – não vale a pena ser registrada aqui ou sequer em sua memória. Para resgatar o que havia perdido pelo caminho era preciso livra-se de todos os males.

Luz, som, beijos no escuro. Luz outra vez.

Esse não é o caminho.