quarta-feira, novembro 16, 2005

tempo, tempo, tempo...

Entre ele e o rosto mais próximo existe menos de um palmo de distância. E o tempo, em pouco tempo, deixa de fazer qualquer diferença. Mas por quanto tempo, esquecido do tempo, será ele capaz de sustentar uma realidade diferente? A redoma que o cerca contabiliza cada milésimo de segundo enquanto que suas fugas são essencialmente atemporais. Pois é... Há de se imaginar que o garoto cria simulacros para justificar sandices fora de hora, mas quem realmente pode entender o conflito das idéias quando realidade para tantos se atém ao mundo prático?

É preciso maturidade para acertar o relógio... Maturidade exige tempo... (E o tempo desafia com uma cara que mete medo, num sabe?).

sexta-feira, novembro 11, 2005

Pois é...

Consternado, o garoto desceu os degraus no escuro e por pouco não caiu de cara no chão. No andar de cima se ouvia os gritos dos fantasmas enquanto cada mobília tremia em colapso. A porta da frente estava trancada... Não havia outra saída. E agora? Tudo parecia realmente perdido quando, enfim, a energia voltou iluminando de súbito a casa inteira. Ao virar o corpo para trás e contemplar o local o garoto percebeu um lugar em perfeita ordem, desde o tapete no chão aos retratos na parede tudo o convidava a permanecer ali. E então um gosto estranho de vinho surgiu de repente na boca inebriando-o numa tontura agradável. Aos seus ouvidos chegava uma canção distante ao mesmo tempo em que o ar se carregava de magnetismo... Quanto glamour ele seria capaz de notar em cada detalhe... E neste momento ele perdera completamente a noção da idade que tinha e se perdera em abstrações tão distantes da sua realidade quando alguém poderia ser estando cara a cara com outra pessoa. Como faria ele para suportar todo o encanto ao seu redor quando a cada cinco minutos o som ambiente dava espaço a agonia dos fantasmas no sótão?

Ele precisa aprender a gritar mais alto que os outros... Espero que ele consiga.