quinta-feira, setembro 15, 2005

Dias ruins sempre voltam...

Olha só que tranquilidade o garoto dormindo abraçado ao travesseiro! Seu rosto virado para a parede lhe expõe as costas para uma punhalada certeira! Quem teria coragem de perturbar o sono do pobre? Bom, e não é que ele acorda de súbito desejando destruir o despertador! Naquele momento os raios de sol entravam indiscretos pela janela e lhe queimam os dedos do pé. O melhor que o garoto tinha a fazer era inspirar fundo, talvez na esperaça de capturar uma corrente de coragem que por ventura estivesse no ar, e enfrentar a realidade. Após escovar os dentes lutando contra toda a preguiça do mundo, ele se dirige a cozinha a fim de empurrar qualquer coisa goela abaixo. E é ao tomar aquela vitamina sem graça de banana que ele saboreia o estranho gosto de Déjà vu. Ele se dá conta de que já questionara as mesmas coisas tantas vezes que já não fazia mais o menor sentido repetir-se. Porém ele corre para o seu companheiro de sempre! Enquanto escreve, descobre não ter a menor cabeça para formular sequer um texto coerente, embora não consiga calar porque o silêncio é insuportável. Ele quer queimar tudo no inferno porque fazer drama lhe esvazia a alma possuída de demônios zombeteiros. Ah como eles são engraçadinhos! O garoto complicado precisa de qualquer coisa que o evite pagar um vexame no meio da rua por começar a gritar como um palhaço insandecido! Mesmo que seja um empurrão da janela do oitavo andar daquele prédio vizinho!

Surtado? Não há nada mais normal neste mundo...

quinta-feira, setembro 08, 2005

too crowded...

Oito horas da manhã. Ao abrir a janela o coqueiro o diz bom dia convidando-o a dançar. A música é suave como o mais pesado rock in roll. Em seus olhos a profundidade é infinita, enquanto a sua boca não mais contém o sorriso que irradia. Ele acordou satisfeito com a vida que tinha e com a enorme quantidade de gente que se espremia em seu quarto, embora alguém de fora não ouvisse ou sentisse qualquer presença. Era fácil atribuir suas contradições às diferentes vozes que sussurravam apenas ao seu ouvido, mas este era um bom começo. O garoto se inclinou sobre o parapeito e respirou fundo, enfim ele descobrira que daquilo tudo jamais haveria escapatória, e decidiu render-se. E o tênue véu que dividia este de um outro dia importuno esperava ansioso para ser violado... Todos sabiam bem disso.

Todos são um só ou um só são todos eles?