terça-feira, maio 31, 2005

Tique taque...

Relógio impertinente que conta o tempo não só em minutos, mas também em ciclos, faça-lhe o favor de deixar-lhe em paz. Os ponteiros já lhe causaram tantas voltas que o pobre chegou a perder a referência do tempo. Há quantos segundos estava de um mergulho de cabeça num poço sem fim ele não tinha nem idéia, mas sabia que eram poucos ou talvez nenhum, naquele momento poderia estar caindo sem sequer se dar conta. Neste último ciclo, sua vida gritava numa câmara de ecos mudos. Impossível? Talvez nada disso fizesse sentido, mas a verdade era que ninguém o notava como algo além de um corpo presente. Seu discurso era inócuo ao passo que sua voz se limitava aos seus próprios ouvidos. Uma vez ou outra era possível sim perceber alguma interferência externa, mas esta, ainda que vinda de fontes inspiradoras, não completavam aquele espaço vazio que crescia incessantemente a ponto de quase engoli-lo num vácuo total. Tique taque, anunciava o relógio. Tique taque, um ciclo de calmaria. Mais algumas voltas e os ponteiros poderiam lhe causar uma perda lamentável do pouco de sanidade que ainda lhe resta.

E ele nem sabe para quem pedir socorro...

Tique taque: o garoto complicado está por um fio.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Gostei...
Poderia pedir socorro a mim.Quem sabe eu não sou a super Condenada.rs
C.

2:33 PM  

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