terça-feira, maio 31, 2005

Tique taque...

Relógio impertinente que conta o tempo não só em minutos, mas também em ciclos, faça-lhe o favor de deixar-lhe em paz. Os ponteiros já lhe causaram tantas voltas que o pobre chegou a perder a referência do tempo. Há quantos segundos estava de um mergulho de cabeça num poço sem fim ele não tinha nem idéia, mas sabia que eram poucos ou talvez nenhum, naquele momento poderia estar caindo sem sequer se dar conta. Neste último ciclo, sua vida gritava numa câmara de ecos mudos. Impossível? Talvez nada disso fizesse sentido, mas a verdade era que ninguém o notava como algo além de um corpo presente. Seu discurso era inócuo ao passo que sua voz se limitava aos seus próprios ouvidos. Uma vez ou outra era possível sim perceber alguma interferência externa, mas esta, ainda que vinda de fontes inspiradoras, não completavam aquele espaço vazio que crescia incessantemente a ponto de quase engoli-lo num vácuo total. Tique taque, anunciava o relógio. Tique taque, um ciclo de calmaria. Mais algumas voltas e os ponteiros poderiam lhe causar uma perda lamentável do pouco de sanidade que ainda lhe resta.

E ele nem sabe para quem pedir socorro...

Tique taque: o garoto complicado está por um fio.

segunda-feira, maio 02, 2005

teimosia...

Ele esperou por tanto tempo o que parecia que jamais seria dito. E de fato até hoje ele continua esperando. “Por que você não esquece?” É o que diz sua consciência incessantemente, “o que você precisa ouvir não partirá de quem você espera”. Mas ele teima em alimentar expectativas... Como ele é imaturo! Já passou da idade de viver histórias em mundos particulares e ainda assim persiste. Ah se ele pudesse ler algumas páginas do que lhe reserva o roteiro da sua vida... Ou melhor ainda: se lhe fosse permitido reescrever o que não lhe fosse de agrado assim como o faz em seus refúgios protegidos de quaisquer contratempos... Puxa vida garoto! Talvez você deva mesmo ceder ao conformismo. Muita gente por aí acha a tua vida perfeita e se você passa a acreditar nisso, quem sabe...

Se pudesse se afastar de tudo e de todos... Quem sabe ele não teria mais chances?